sábado, 23 de fevereiro de 2008
A Viagem da nossa vida...
Pois é... No fundo, a nossa vida não passa de uma simples viagem de comboio, durante a qual ocorrem numerosos embarques e desembarques, acidentes, surpresas agradáveis e deveras grandes tristezas.
Quando nascemos, entramos nesse comboio, e acabamos por nos deparar com pessoas que, julgamos nós à partida, nos acompanharão nessa viagem, até ao fim... São, por exemplo, os nossos pais!!!
Mas, infelizmente, acabamos por descobrir que isso não corresponde á verdade... Em alguma estação, mais cedo ou mais tarde, terão de desembarcar, e de nos deixar orfãos de carinho, amizade e companhia (para nós) insubstituível...
Mas isso não impede que, durante a nossa viagem, outras demais pessoas interessantes se possam vir a tornar muito especiais para nós, ao nela embarcarem!!! Chegam os nossos Irmãos, os Amigos e os Amores maravilhosos...
Muitos, embarcam nesse comboio apenas por simples passeio... Outros encontrarão pelo caminho muitas tristezas, mágoas e desilusões nessa viagem. Porém, quantos não virão a circular nesse comboio, manifestando desejo de poder ajudar quem precisa?
Muitos descem entretanto, deixando-nos a sua saudade eterna... E outros tantos passarão, ocupando os assentos entretanto desocupados... Num constante fluxo.
Mas mais curioso ainda, é constatar que alguns passageiros, que se nos tornam tão caros, acabam por se acomodar por diversas vezes em vagões diferentes dos nossos. Acabamos por nos ver obrigados a refazer o trajecto que nos separa deles. O que não nos impede, de durante a viagem, atravessarmos (com maior ou menor dificuldade) o nosso vagão e nos podermos cheguar a eles... descobrindo em certos casos que, infelizmente, acabamos por não nos poderemos conseguir sentar a seu lado, por alguém se já encontrar a ocupar esse lugar.
Mas não importa... A viagem é assim mesmo: carregada de atropelos, sonhos e fantasias; de esperas e despedidas... Mas jamais de retornos.
Empreendamos então essa viagem, da melhor maneira possível, tentando relacionar-nos bem com os passageiros, e procurando em cada um deles o que de melhor tiverem, recordando-nos sempre que, em dado momento do seu trajecto, poderão ter fraquejado (ou vir a fraquejar), e provavelmente acabaremos por os entender, porque nós também, a certa altura, nos submetemos a essa triste realidade... E aparecerá com certeza alguém que nos entenderá.
O grande mistério afinal, continua a ser o de não sabermos em que estação teremos de descer... E muito menos os nossos companheiros, nem mesmo aquele que se encontra sentado ao nosso lado. Fico a pensar muitas vezes se, quando descer, sentirei saudades... acredito que sim, que ao separar-me dos amigos que fiz, sentirei no mínimo essa dor, de deixar tudo e todos seguirem viagem sozinhos, sem sequer poder continuar a dar o meu contributo para a viagem deles poder correr melhor.
Com certeza será muito triste. Mas agarro-me à esperança de que um dia os poderei reencontrar, numa outra quaquer estação, quando eles também abandonarem o comboio, trazendo com eles uma bagagem bem maior que aquela que traziam, quando os abandonei, ou mesmo quando começaram a sua viagem... E isso deixar-me-á muito feliz, lembrando o quanto colaborei para que todos tivessem crescido, e se tivessem tornado valiosos para todos.
Façamos então, meus amigos, com que a nossa estadia, neste comboio, seja tranquila, para que, na hora de termos de desenbarcar, o nosso lugar vazio possa trazer saudades e boas recordaçoes para todos os que nele prosseguirem a sua viagem...
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Pq MST nem spr fala mal... (Bonus: "Inocencia"-L.Carrol)
"... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."
Miguel Sousa Tavares
(Escritor português, a propósito da perda de sua Mãe, a escritora e poetisa Sophia de Mello-Breyner)
Inocência:
"Era linda a menina loura, de olhos azuis. Candura e inocência não poderiam ter melhor lugar para morar. Bem comportada e prendada, sempre pronta a ajudar.
Estranho passatempo tinha a menina de faces rosadas. Horas e horas passadas no quintal, sentada e debruçada nas escadas cor de tijolo. Perdida nos seus pensamentos, pensavam os que a rodeavam.
Mas a menina loura de olhos azuis passava tardes a fio observando os carreiros de formigas que se formavam em redor da azarada abelha morta. Era assim, uma após a outra. Começando numa tarde a observar o fenómeno que se dera espontaneamente, já era ela que o provocava. Ía até a cascata e tentava por todos os meios afogar mais uma abelha. Tentava que ficasse semi-morta para que, uma vez trazida com uns pauzinhos para a escada, onde o exército das formigas se reunia, transportando o aparente cadáver, a abelha recuperasse e lutasse pela vida, ainda que invadida e quase condenada.
Os seus olhos azuis brilhavam um pouco mais em face da violenta batalha.
Outras tantas vezes, após o longo e tortuoso caminho percorrido pelas formigas transportando a sua presa, a menina pegava na abelha e colocava-a no ponto inicial. E as formigas voltavam atrás, para voltar a percorrer o caminho novamente.
Certo dia, deu por si a pensar quem estaria a observá-la e que tipo de formiga seria ela. Seria a abelha ou seria a formiga? Não sabia. No entanto, nada disto lhe trazia menor candura(...)"
(NR:Just feel it)
terça-feira, 29 de maio de 2007
O final duma longa caminhada... A sensação dum dever praticamente cumprido...
Sentado a uma mesa dum antigo café desta que tem sido, nos últimos anos, a minha Cidade, escrevo estas linhas no intervalo de mais uma jornada de estudo intensivo, preparando aquela que, espero, virá a ser a minha última série
de exames...
Relembro todos estes (infelizmente muitos) anos de vivência académica, as Amizades que cá fiz, as que vi passar, as que ainda hoje mantenho, as intermináveis horas passadas naquelas salas, as inúmeras noites de boémia, os incontáveis convívios, as eternas Queimas das Fitas (e Latadas)... Enfim... toda uma Vida, certamente a melhor época da minha vida...
Mas reza a tradição que tudo tem um fim... Um final, não trágico, mas de esperança... Esperança numa nova Vida, a passagem da condição de Estudante à de Cidadão activo... Um novo rol de responsabilidades, de vivências, de Amizades... Mas também as preocupações, os trabalhos, a procura dum novo estilo de Vida, dum futuro...
Certo é que, antes de atingir esse patamar, ainda terei de passar por um ano de estágio... Mas não será esse um ano de transição? O ano zero desta nova fase da minha vida de que antes falei? Pelo menos, é nesses moldes que o pretendo abordar...
Enquanto vou escrevendo, ao sabor da pena, este simples (mas significativo) texto, vou recordando também as amarguras, os sofrimentos, as quimeras e os momentos de transtorno... Não foram assim tão poucos; mas, felizmente, sempre fui conseguindo superar essas dificuldades, com mais ou menos trabalho, muito por força do apoio incondicional que me foi sendo prestado...
E, por isso, neste momento de consagração, agradeço a todos quantos me acompanharam neste longo percurso, todos os momentos que me proporcionaram:
- Aos meus Pais (e em particular,com saudade, a minha Mãe), ao meu Irmão e aos meus Familiares, a confiança depositada na concretização deste tão importante objectivo....
- Aos meus professores, por tudo aquilo que me ensinaram, e pela minha emancipação intelectual, por me ensinarem a pensar, a raciocinar, e a aprender a ensinar....
- Aos meus colegas, por partilharem comigo estas horas de trabalho, estudo e convívio...
- A todos os Músicos, Maestros e directores, e aos meus alunos de Educação Musical, que comigo se renderam a esta tão nobre arte da Música, pelos dias de convívio, trabalho, ensaios, e actuações, que me tornaram social, intelectual e artisticamente mais rico, e que me permitiram passar por momentos de grandes emoções...
- Finalmente aos meus Amigos, aqueles que estiveram comigo, nos grandes momentos e nas alturas de aflição, todo o apoio que me prestaram (e me vão prestando), pela sua presença, pela sua Amizade, por tudo aquilo que para mim representam...
A todos saberei retribuir tudo o que me souberam dar, com a eterna gratidão deste (espero) futuro professor...
A todos, um grande Bem Haja...
quarta-feira, 27 de dezembro de 2006
O sentimento não é algo que se deva compreender... Basta sentí-lo...
Mas também me lembro de quem tem passado os últimos dias fechado numa quarto, ou d quem não tenha propriamente sido bafejado pela sorte... E lembro-me que nem sempre podemos estar na melhor das disposições para festejear nesta altura do ano... Uma intervenção cirúrgica, um azar que nos bate à porta, uma despesa inesperada... Podem acontecer-nos a qualquer momento...
E nessas alturas, nós, os amigos, sentimos o dever de devolver a esses nossos Amigos, a confiança perdida... Porque é nosso dever moral, enquanto Amigos que somos, de partilhar alguma dessa dor, porque como nossos Amigos que são, a dor deles também em parte é nossa...
E porque esta é a Época das prendinhas e das lembranças, aproveitamos para lhes distribuir a maior de todas as prendas... Aquela q pode ser oferecida em qualquer altura do ano, sem nada pedir em troca, senão outra igual... A nossa presença, sinal da nossa confiança, do nosso apoio e da nossa solidariedade; a maior prova de Amizade q podemos demonstrar... Provando assim que não é só nos momentos de alegria que aparecemos para partilhar... Também nos momentos de aperto e aflição sabemos dar um pouco de nós por quem entendemos que o merece...
E quando nos recordamos dos gestos de carinho que já antes nos tinham sido presenteados, percebemos que o Natal não é só nesta altura do ano... É sim, todos os dias, a toda a hora e em todo o lado... Desde que saibamos q existimos uns para os outros, e que sabemos respeitar essa vontade...
Para as minhas Amizades que se viram forçadas a passar um Natal diferente, por força das mais variadas contingências, o meu abraço de Solidariedade, e a certeza de que podem contar com a minha presença, sempre q seja precisa, e com o meu apoio incondicional... BEM O MERECEM ;)
Umas Festas Felizes (na medida das possibilidades) e um Abraço do tamanho do Mundo...
segunda-feira, 11 de dezembro de 2006
Dedicatória aos Recem-Casados...
Tinham conversado muito. Tinham construido - a partir dos planos de ambos - um unico projecto.Sabiam que o sopro magico tinha apenas o papel de iniciar uma coisa nova; e que partiria depois de algum tempo.
Isso nao os assustava.Iam em frente, com esperanca, com alegria, contentes por a vida se complicar. Conversavam, discordavam, rectificavam, pediam perdao.Sucedia, normalmente, cedo ou tarde, o desencanto, a perda de sentido, a vontade de deixar tudo e procurar de novo, noutro lugar, um outro sopro magico.
Mas tinham empenhado a palavra. Tinham pronunciado as palavras que - dentro deles e a sua volta - nao tinham retorno.Ficavam. Iam ficando. as vezes com prolongada dor, as vezes com um heroismo de que nao se julgavam capazes.
O tempo, porem, trazia, devagar, a calma, a alegria serena, a luz que parecia ter desaparecido. Aprendiam que o amor tambem passa como que por uma conturbada fase de adolescencia, ate que vem a tornar-se maduro, se purifica, se fortalece e embeleza.
Depois ficavam tao contentes! Tudo tinha sido util, tudo tinha tido o seu papel. Tambem a dor; tambem os esforcos que pareciam inuteis; e as cedencias e os silencios e as humilhacoes.Viam com toda a clareza como por coisa perdida tinham ganhado mil; como por cada lagrima derramada tinham oceanos de sorrisos; como por cada generosa tentativa, aparentemente frustrada, haviam recolhido cestos e cestos de consolacao.Olhavam e viam a casa cheia de rebulico; trancas louras; corridas atras do gato; o indescritivel prazer de voltar a contar as velhas historias. "Avo, conta outra vez a da Cinderela"...; "Avo, e mesmo verdade que antes havia duas R.T.P.?"...Viam, como num sonho, o passado e o futuro unidos por um no que eram eles mesmos. Um no que nada tinha podido quebrar e permitira o futuro, novos seres, outros sonhos tao iguais aos que eles mesmos tinham sonhado.
Haviam suportado a tempestade e passado o Cabo; o Futuro estava ali a frente dos olhos; o caminho, aberto para tantos e tantos cujos rostos eles nem sequer imaginavam.Tinham tido um lugar no longo fio da vida; tinham sido alicerce e cimento; tinham as maos cheias de sol. Nunca morreriam....................
Pode parecer que estive aqui a descrever um quadro que me encantou num museu qualquer... mas nao. Sei muito bem que isto, so isto, e real e verdadeiro; que so isto e de hoje e de sempre. E que, no fundo, tambem eu, um dia, hei de ser como eles...
sábado, 9 de setembro de 2006
Citações de Grandes Nomes da Música...
Yehudi Menuhin (n. Nova Iorque 1916)
"Para mim, o órgão é o rei dos instrumentos".
Wolfgang Amadeus Mozart (n. Salzburg 1756; m. Viena 1791)
Melodia e harmonia devem ser apenas meios nas mãos do artista para criar música - e, se chegasse finalmente o dia em que se deixasse de opor a harmonia à melodia, a escola alemã à escola italiana, o passado ao presente da música, então seria possível dizer-se que tinha começado o reinado verdadeiro da arte.
Giuseppe Verdi (Le Roncole 1813; m. Milão 1901)
A minha ideia é que há música no ar, há música à nossa volta, o mundo está cheio de música e cada um tira para si simplesmente aquela de que precisa.
Edward Elgar (n. 1857; m. 1934)
Tudo está escrito numa partitura, excepto o essencial.
Gustav Mahler (n. Kalist 1860; m. Viena 1911)
Houve e há, apesar das desordens que a civilização traz, pequenos povos encantadores que aprendem música tão naturalmente como se aprende a respirar. O seu conservatório é o ritmo eterno do mar, o vento nas folhas e mil pequenos ruídos que escutaram com atenção, sem jamais terem lido despóticos tratados.
Claude Débussy (n. Saint Germain-en-Laye 1862; m. Paris 1918)
A música nasceu livre, o seu destino é libertar-se.
Ferruccio Benvenuto Busoni (n. Empoli 1866; m. Berlim 1924)
O mundo é uma sumptuosa sinfonia
de mil vozes diversas.
As verdades terrestres,
consonantes com as verdades dos céus
soam em acordes cerrados e vibrantes
sobre as cordas dos milagres destruídos.
Aleksandr Nikolaïevitch Scriabine (n. Moscovo 1872; m. Moscovo 1915)
sexta-feira, 14 de julho de 2006
Poesia e Música I
que tem para dizer,
imagens ou prodígios
a emoção mais real,
viverás bem no fundo
com o ser todo inteiro
o consolo, as respostas.
Viverás muitas vidas
ricas como tesouros.
E então, dentro de ti
Com alimento e cor
dirás um obrigado
mesmo que seja à dor.
(Adelina Caravana Rigaud)
segunda-feira, 24 de abril de 2006
Longas horas têm 17 anos...
Se a primeira hipótese parece ser a mais viável, não deixa de ser um pouco estranha... Andar quilómetros a fio, para um lado e para outro, sempre a olhar para o relógio, não me parece ser muito anti-stress... Mas afastar as ansiedades, os males e outros negativismos da minha vida, isso sim,resulta.
A segunda hipótese é entendível... Mas não deixa de ser também ela estranha... Para colmatar uma falha que outrem não quis (ou não pôde) colmatar - para não prejudicar a vida pessoal - estaria eu a criar mais um alvoroço na minha vida pessoal, ao actuar em dia de entrevista... Facto no mínimo estranho, não?
Parece-me então que uma terceira justificação se impõe... E que resulta da junção das duas anteriores... E que reflete a minha orientação de vida dos últimos 17 anos de "carreira" musical...
Assumir a responsabilidade de enfrentar os dois desafios, não descurando nenhum deles, mas compatibilizando as duas actividades... Actuei... E fui à entrevista...
Se as duas actividades tiveram sucesso, só o tempo o poderá dizer... Uma delas não foi cumprida na sua totalidade, certo é... Mas não deixei de dar o meu contributo, dentro das minhas possibilidades...
Durante mais de 15 anos, tive possibilidade de dedicar a quase totalidade do meu tempo a todas as actividades que me propus concretizar... Infelizmente, com o passar do tempo, fui perdendo grande parte da minha disponibilidade...
A Vida não perdoa... E eu não deixo de obedecer a essa dura Lei. E aquelas horas que, há uns anos atrás, nem via passar, começam agora a tornar-se cada vez mais longas e duras de suprir... As dificuldades da Vida começam a ser demasiadas, para poderem ser abafadas em tão poucas (mas longas) horas. E, enquanto o tempo passa, ocupo-o a pensar na Vida, nos estudos, no trabalho, etc...etc...etc... Enfim... Na Vida... É natural que tal aconteça.
segunda-feira, 27 de março de 2006
Mais um ano... E tudo sempre na mesma...
Lembro-me como se fosse ontem. Estreei-me numa Sexta-Feira Santa, pelas ruas da terra que me viu nascer. A farda nova pesava-me nos ombros, tal como a responsabilidade que me fora naquele dia incutida. Estava um sol abrasador, e não havia modo de sair a procissão...
Longos anos se passaram... E uma longa história musical me acompanhou com eles... Mas a tradição, essa, é que não se perdeu... Todos os anos, por esta altura se realizam as Procissões do Senhor dos Passos...
Carapinheira abre a programação... Segue-se-lhe Tentúgal, Montemor-o-Velho e Penacova... E todos os anos se repete esse ritual...
É também nessa altura que se estreiam os recém-chegados Músicos, em Penacova (e em muitos outros lugares, por esse País fora)... E, tal como eu senti o peso da responsabilidade, no dia que inaugurou a minha condição de Músico, também eles a deverão sentir...
É nessas alturas que a experiência de quem já anda nessas lides há anos deve vir ao de cima, incutindo nos novos pupilos a calma necessária para uma boa execução... E nada melhor que confiar neles, para impingir essa calma, e acalmar essa ansiedade natural...
Por isso, e renovando os meus votos de Boas Vindas ao Mundo Filarmónico, reitero a confiança que todos os Mestres depositam nos seus recém-chegados Músicos, endereçando a Mestres, Directores, Professores, Encarregados de Educação e Músicos os meus votos de Parabéns por essas novas aquisições, renovando também o desejo de que novidades se repitam por muitos mais anos, permitindo assim que as Filarmónicas possam sobreviver às dificuldades que têm vindo a atravessar...
Sejam os pupilos bem-vindos a esta nossa Comunidade, e que o futuro lhes permita um crescimento forte, saudável, culto... Longe de todas as vicissitudes e vícios que hoje em dia apoquentam a nossa Sociedade...
terça-feira, 21 de fevereiro de 2006
Ser músico... Uma vida paralela para além da vida pessoal...

Quando integrei pela primeira vez as fileiras de uma Banda Filarmónica, pensava na altura que era uma oportunidade de dar a conhecer os meus dotes musicais, os conhecimentos adquiridos nos 7 anos anteriores e que tão poucas vezes tivera oportunidade de apresentar...
Enganado estava... Depressa percebi que, para vingar, teria de agir, pensar, executar... segundo os padrões de todo um grupo. Um elemento só não faz a Banda; mas a Banda, sem esse elemento, perde parte daquilo que a caracteriza: a unidade, e o espírito de entreajuda, que, entre muitas outras características permitem (Fil)harmonia e Musicalidade.
Ainda demorou algum tempo até descobrir que teria de agir assim... Mas o Tempo (esse elemento tão precioso da Música) logo tratou de me passar a lição... E, a partir daí, comecei a descobrir todos os tesouros dessa arte, e o porquê de, ao fim de mais de um século, a Banda Filarmónica ainda sobreviver...
Foi na Banda Filarmónica que conheci os meus amigos, que aprendi a mantê-los e a lidar com eles... Isso porque começámos a partilhar uma Filosofia de Vida comum, juntos, e em confraternização... Formámos um Mundo Paralelo, o qual apenas nós, Músicos, dirigentes, Maestros e Amigos da Filarmónica integrávamos... Nele partilhámos as nossas alegrias, as nossas tristezas... Nele se formaram casais... Nele divulgámos, através da Música que executámos e ouvimos, todos esses sentimentos aos quais, de outra forma, não poderíamos dar expressão... Sempre... Em qualquer altura e em qualquer lugar... Lonje ou perto da vista e do Coração...
Foram esses momentos que nos formaram, musical e humanamente, e que fizeram de nós Homens e Mulheres que hoje somos. Sim... Porque a Filarmónica tem esse condão de formar Pessoas, lonje dos vícios que hoje em dia apoquentam esta nossa sociedade...
É esse um dos segredos com que a Banda Filarmónica nos presenteia... A memória e a lembrança de bons e agradáveis momentos, passados em família... O respeito mútuo pela farda envergada... O apoio e o carinho de quem se encontra junto a nós, nos bons e nos maus momentos, nos momentos de euforia e nos de stress ou arrependimento... Essa amena confraternização que nos aproxima tanto. Porque os amigos servem para todas as ocasiões: para nos acompanhar nos momentos de euforia, mas também para nos acompanhar nos momentos de tristeza e dor...
E, se algum dia nos tivermos de separar, este sentimento de irmandade manter-nos-á unidos, na alma e no coração... Tudo porque um dia decidimos amar e respeitar a mesma arte... A Música.