segunda-feira, 24 de abril de 2006

Longas horas têm 17 anos...

Era uma quarta-feira. Vinha eu de regresso, no final de mais uma actuação, a meditar sobre a minha condição humana e social, a tentar entender o que me levaria a, em dia de entrevista oral, vestir a minha farda e deslocar-me para mais uma festa... Pretenderia eu aproveitar a ocasião para descontrair, afastar para longe de mim as minhas ansiedades? Ou apenas entenderia eu que, sendo a actuação programada para um dia de semana, seria dificil encontrar alguém que conseguisse suprir a minha ausência...

Se a primeira hipótese parece ser a mais viável, não deixa de ser um pouco estranha... Andar quilómetros a fio, para um lado e para outro, sempre a olhar para o relógio, não me parece ser muito anti-stress... Mas afastar as ansiedades, os males e outros negativismos da minha vida, isso sim,resulta.

A segunda hipótese é entendível... Mas não deixa de ser também ela estranha... Para colmatar uma falha que outrem não quis (ou não pôde) colmatar - para não prejudicar a vida pessoal - estaria eu a criar mais um alvoroço na minha vida pessoal, ao actuar em dia de entrevista... Facto no mínimo estranho, não?

Parece-me então que uma terceira justificação se impõe... E que resulta da junção das duas anteriores... E que reflete a minha orientação de vida dos últimos 17 anos de "carreira" musical...
Assumir a responsabilidade de enfrentar os dois desafios, não descurando nenhum deles, mas compatibilizando as duas actividades... Actuei... E fui à entrevista...

Se as duas actividades tiveram sucesso, só o tempo o poderá dizer... Uma delas não foi cumprida na sua totalidade, certo é... Mas não deixei de dar o meu contributo, dentro das minhas possibilidades...

Durante mais de 15 anos, tive possibilidade de dedicar a quase totalidade do meu tempo a todas as actividades que me propus concretizar... Infelizmente, com o passar do tempo, fui perdendo grande parte da minha disponibilidade...

A Vida não perdoa... E eu não deixo de obedecer a essa dura Lei. E aquelas horas que, há uns anos atrás, nem via passar, começam agora a tornar-se cada vez mais longas e duras de suprir... As dificuldades da Vida começam a ser demasiadas, para poderem ser abafadas em tão poucas (mas longas) horas. E, enquanto o tempo passa, ocupo-o a pensar na Vida, nos estudos, no trabalho, etc...etc...etc... Enfim... Na Vida... É natural que tal aconteça.