domingo, 27 de setembro de 2015

Compromisso com a Moral, a Ética e a Consciência...

 
 Já todos nós, com certeza, em certa altura da vida, teremos ouvido falar de (ou presenciado) situações que envolveram acidentes, desastres naturais, roubos, incêndios, naufrágios ou explosões de bens móveis ou imóveis que pertenciam a alguém, correto? 
   Imaginemos agora que esses ditos desastres, em vez de atingirem bens físicos, atingiam bens não-materiais, sentimentos ou conceitos etico-morais. Poderíamos nós considerar que estávamos perante situações de desastres etico-morais?

  
 A título de curiosidade imaginemos-nos a ler um jornal, onde aparecessem cabeçalhos do tipo: 
“Coragem roubada a XXXXXX. Após várias tentativas goradas, o furto acabou por ocorrer no dia (tal), em tal sítio, graças a uma manobra dilatória complexa, que envolveu processos audazes e ardilosos.”; 
ou ainda: 
“Perdeu-se grande quantidade de otimismo, não se sabe bem onde, quando nem como. Pede-se o favor a quem o encontrar, de o devolver no endereço (tal, tal e tal). Oferece-se recompensa garantida em gratidão e confiança «ad aeternum»”; 
ou até mesmo: 
“Incêndio consumiu fidelidade de fulano. Confiança ficou reduzida a cinzas.”;
ou 
“Naufrágio dizimou honestidade de beltrano, afundando todo seu estatuto social e moral.” 
   Dificilmente conseguimos imaginar um jornal que aborde esse tipo de temas, nos quais as virtudes de alguém possam ter sofrido "assaltos" ou outros tipos de danos... Não acham? 

   E, no entanto, não serão essas as notícias mais recorrentes no nosso quotidiano? Então, porque não são elas retratadas com o mesmo ênfase das restantes "notícias" com que nos vemos brindados a toda a hora? Será que a ética, o moral e os bons costumes caíram assim tanto em desuso na nossa sociedade?

   Não podemos ignorar que, no nosso quotidiano, nos deparamos com situações de ações pouco dignas de quem as pratica, que conseguem deitar por terra a honestidade e a honradez de cidadãos, atingindo pessoas que, inclusivamente, vêem o seu estatuto social e moral sucumbir perante a desmotivação e a ansiedade, quantas vezes ultrapassadas por outras pessoas, à custa de favorecimentos de toda a ordem ou de estratégias menos claras. Não deveríamos nós encarar isto no contexto que acabámos de enunciar, acima? E quantas vezes não ganhamos nós o receio de nos ver acontecer o mesmo, a nós, um dia? Quantas vezes não vemos nós pessoas a abdicar da sua honra e dignidade pessoal, em detrimento de valor mais obscuros? Da que pensar, não? 

   O que nos vai valendo é que, se as soubermos conquistar, as nossas virtudes, regra geral, acabam por não se deixar arrastar por interesses próprios, pois mais do que virtudes efetivas, são autênticos ensaios de virtudes, e quem verdadeiramente conquista uma virtude, jamais a consegue perder.

  Este assunto veio-me hoje à baila, na sequência duma pesquisa pessoal que me propus desenvolver recentemente, sobre valores humanos na nossa sociedade e nos nossos tempos (não se trata de nenhum projeto académico, nem tão pouco pretendi com ela fazer qualquer tipo de abordagem académica ao assunto: trata-se apenas de "aguçar a curiosidade" - um lema que tem estado muito em voga na minha vida social recente ;) - e procurar eventuais respostas a perguntas que, a meu ver, começam a fazer parte do nosso quotidiano, e para as quais, nem sempre se torna fácil encontrar respostas imediatas).

   Nesse contexto, a certa altura, a minha pesquisa conduziu-me a um blog no qual, numa das publicações, era referida a história dum jovem advogado que trabalhava num órgão público.

  A certa altura, enquanto processava uma pilha de processos que tinha na sua mesa, o jovem advogado foi abordado pelo seu superior hierárquico, que lhe pediu para arquivar dois processos adicionais. Mediante a dúvida do seu subalterno sobre a razão que o teria levado a fazer esse pedido, o diretor respondeu então simplesmente que os acusados eram seus amigos e que lhe tinham pedido para fazer o especial favor de arquivar o processo.  Como tinha um firme compromisso com a sua própria consciência, o advogado achou pertinente permitir que os processos seguissem os trâmites normais, sem interferência pessoal, o que fez com que, uns tempos mais tarde, os acusados tivessem de arcar com as consequências dos seus atos, sendo condenados a pagar as custas do processo e indemnizar os vários cidadãos que tinham prejudicado.  Quando questionado pelo superior sobre o ocorrido, o advogado argumentou então que não era o facto de os acusados serem seus amigos pessoais [do superior, a quem se dirigia] que os isentava da responsabilidade dos seus atos. 

  Moral da história: se o jovem advogado não tivesse sido firme com o seu caráter, poderia ter dado azo a que ficassse registado, na sua "ficha espiritual" - ou até mesmo na primeira página dum qualquer jornal - o seguinte título: 
“Assalto de corrupção e prepotência. Espírito atingido viu roubados os seus bens mais preciosos - fidelidade e honestidade.”
 Isto claro, num dos jornais que publicasse títulos como os que foram referidos no início desta publicação. Ainda bem que não aconteceu. 

   Esta história permite-nos compreender o quão importante deve ser, para nós, o nosso património ético-moral, e que sempre que permitimos que seja "comprado" ou "roubado", ficamos mais pobres espiritualmente: ao deixarmos-nos invadir pela corrupção e pela ganância dos outros, acabamos por nos tornar, nós próprios, coniventes com essas misérias morais... e empobrecemos... Pelo menos moralmente... 

  Pensemos nisso, e consideremos se vale ou não a pena preservar esse bem tão valioso que é o nosso património moral...

   E tenho dito... Até uma próxima oportunidade.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Regresso da travessia no deserto... E em força...

De regresso de uma longa e complicada travessia no deserto, eis-me de regresso à actividade bloguista, na máxima força.

A vida pode não ter mudado muito, nem tão pouco quem a rodeia... Mas deste tempo ausente, muito fica por dizer...

Já descobri um abrigo... Um Oasis. Pode não ser um hotel 5*, mas dá para sonhar, para pensar na vida, naquilo que fui... em quem eu sou... E no que virá a ser de mim...

Sábias palavras palavras, para ver, ouivir, escutar

Querem ver como até parece fácil... Senão vejamos...

Tenho encontrado muitas pessoas,
porem não encontro gente...
Ha um vazio dentro de cada um,
um processo de fechamento em sentimentos.
Encontro sorrisos, porem daqueles
que expoem apenas os dentes.

Encontro verdadeiras tocaias,
e nao coraçoes.
Reservas insistentes da solidao.

Tenho encontrado pessoas medrosas,
indecisas, escondendo-se de si mesmas.
Pessoas que dizem:
Não sei...,
Não sei se quero...,
Não sei se posso...

Quando sabem exatamente o que querem
e o que buscam, e nao se arriscam
ao menor impulso.
Pessoas duras, escuras,
impossibilitadas de amar.
Estas, cansei de encontrar...

Busco por gente que empreste o ombro,
que nao tenha medo de dizer que
levou um tombo. Busco por gente que
assuma que amar traz sofrer, e, com
esta certeza, nao venham a se esconder.

Busco por gente que tenha a experiência
de sobrevivente de guerra.
Busco por gente, que de tanto caminhar,
nao tenha receio de dizer que seus pes
ainda tem muito por machucar.
Quero gente de coragem para comigo conversar.

Gente que saiba que mascaras nao dao mais
para usar, e sendo seu perfil interno,
branco ou preto, tenha a dignidade de revelar.

Busco por gente que chore livremente,
sem preconceitos pelas lagrimas derramadas.
Quero gente que saiba exatamente para onde
esta indo e o que deseja encontrar,
mesmo que esta busca jamais venha alcançar.

Busco por gente,"Seres Humanos",
que saibam se doar, estes,
eu anseio por encontrar.

Gente de decisao,
sem argumento para esconder, escusas açoes.
Quero gente que e gente, que mostra a cara,
vai a luta e dorme contente.

E desta gente que eu preciso!
Gente liberta, que me deem um canto em seu
colo e saibam me acariciar, sem tempo,
sem hora e em qualquer lugar !!!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Mais um ano... Mas a vida continua...

Posso afirmar com convicção que este ano lectivo se revelou pleno de experiências e de vivências novas, umas vezes de agruras, outras de alegria e felicidade. Poderei contudo afirmar com convicção que o ditado vai fazendo valer a força das suas palavras. "Ano Novo, Vida Nova!"


Realmente, (re)descobrir as aventuras e desventuras de toda uma classe, as suas alegrias e tristezas, as delícias e agruras de toda uma vida dedicada à arte de ensinar, deixa as suas marcas profundas. E, nesse contexto, este ano não deixa de marcar um ponto de viragem para uma vida nova, em todos os sentidos. São hábitos de vida alterados, horas a fio agarrados a um computador, outras tantas na Escola, fora as intermináveis horas dedicadas às partituras e facturas... Porque o tempo não para... E tempo é dinheiro.

Tempos livres, alguns, sim... E bem passados. Essencialmente destinados ao repouso, e alguns dedicados aos Amigos e às minhas restantes paixões, em alegres e salutares convívios (alguns diferentes dos que outrora conhecera, mas não menos aprazíveis)... para recarregar baterias. Outros, agarrado à minha inseparável "Zulmira" em Si b, nas minhas aventuras (e desventuras) filarmónicas.

No entanto, entre tantas mudanças, alguma coisa teria que ficar a perder... Ainda que me tenham sobrado alguns tempos livres para as actividades académicas (feliz ou infelizmente em muito menor quantidade) que nos últimos 20 anos fizeram de mim o Homem que hoje sou, a dedicação a estas causas teve de ceder lugar a outras responsabilidades mais prementes. E, nesse contexto, a Música foi tomando a dianteira... Não bastava a presidência, ainda me tinha de calhar a Direcção Técnica e Artística da Filarmónica. Interinamente, é certo, mas por uma causa bem nobre, relacionada com a sobrevivência de uma espécie em vias de extinção: A "phylharmonicus Bandae", mais conhecida nos meios populares por Banda Filarmónica. Reconhecendo nessa dedicação e esse entusiasmo mais um alento para, ano após ano, reavaliar as minhas reais capacidades de trabalho, superando os obstáculos com que me vou deparando ao longo desta minha vida, fico com a certeza de que, se me tornei no Homem e Músico que hoje sou, a essas intensas paixões o devo... Isto porque a vida vai sendo cada vez mais difícil, e quem tiver coragem e determinação suficientes é que consegue singrar...

Viva a Matemática! Viva o Ensino! Viva a Música!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Abraçar o presente... por um futuro mais risonho...

Quem ler o título deste post poderá pensar que acabei de entrar em campanha eleitoral... Puro engano.

Adoptei este lema de vida há cerca de um ano atrás, quando senti que a minha vida tinha sofrido uma reviravolta: ver o final do curso a aproximar-se, superar o penúltimo obstáculo desta maratona académica, representou para mim o virar duma página da minha vida que teimava (e teima) em não ficar completa. Mas neste momento, falta finalmente acrescentar aquela última palavra: "Estatística".

O tão almejado estágio está na sua recta final. Daqui por cerca de um mês, poderei dizer com satisfação que este ano foi produtivo: para além da experiência de vida enriquecedora que vivi, criei laços de amizade que decerto se prolongarão por muitos e longos anos. E se hoje já me sinto mais professor do que aluno, não deixo de agradecer a todos quanto trabalharam comigo este ano pela experiência e pelo convívio que me proporcionaram.

Poiares prevalecerá como um dos marcos mais importantes da minha vida, uma estação da minha vida na qual deixei a carruagem dos colegas de curso para integrar a carruagem dos meus novos colegas, dos meus novos amigos, de todos os alunos e funcionários que me ajudaram a cumprir mais este percurso, e a quem agradeço pela dedicação e empenho sempre que deles precisei.

Nesta escola onde aprendi os passos essenciais desta profissão, conheci momentos de alegrias, de tristezas e por vezes de desespero. Mas as imagens que para sempre recordarei serão os momentos de confraternização com esta magnífica comunidade escolar, a Semana da Matemática, na qual tive o privilégio de redescobrir os prazeres da Música juntamente com aqueles magníficos Músicos da Banda [Fixe], e o prazer de poder compartilhar uma comunidade da qual me posso hoje considerar parte integrante.

São estas as virtudes desta profissão: poder guardar na memória todos os magníficos momentos, apesar de todas as vicissitudes da vida.

E oxalá um dia me possa juntar de novo a esta comunidade, e relembrar com saudade todos estes momentos.

Assim a vida mo permita...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

A Viagem da nossa vida...

Um amigo falou-me um dia de um livro, que comparava a nossa vida a uma viagem de comboio. Tal comparação manifestou-se-me de extremo interesse, depois de devida e correctamente a ter conseguido interpretar.

Pois é... No fundo, a nossa vida não passa de uma simples viagem de comboio, durante a qual ocorrem numerosos embarques e desembarques, acidentes, surpresas agradáveis e deveras grandes tristezas.

Quando nascemos, entramos nesse comboio, e acabamos por nos deparar com pessoas que, julgamos nós à partida, nos acompanharão nessa viagem, até ao fim... São, por exemplo, os nossos pais!!!

Mas, infelizmente, acabamos por descobrir que isso não corresponde á verdade... Em alguma estação, mais cedo ou mais tarde, terão de desembarcar, e de nos deixar orfãos de carinho, amizade e companhia (para nós) insubstituível...

Mas isso não impede que, durante a nossa viagem, outras demais pessoas interessantes se possam vir a tornar muito especiais para nós, ao nela embarcarem!!! Chegam os nossos Irmãos, os Amigos e os Amores maravilhosos...

Muitos, embarcam nesse comboio apenas por simples passeio... Outros encontrarão pelo caminho muitas tristezas, mágoas e desilusões nessa viagem. Porém, quantos não virão a circular nesse comboio, manifestando desejo de poder ajudar quem precisa?

Muitos descem entretanto, deixando-nos a sua saudade eterna... E outros tantos passarão, ocupando os assentos entretanto desocupados... Num constante fluxo.

Mas mais curioso ainda, é constatar que alguns passageiros, que se nos tornam tão caros, acabam por se acomodar por diversas vezes em vagões diferentes dos nossos. Acabamos por nos ver obrigados a refazer o trajecto que nos separa deles. O que não nos impede, de durante a viagem, atravessarmos (com maior ou menor dificuldade) o nosso vagão e nos podermos cheguar a eles... descobrindo em certos casos que, infelizmente, acabamos por não nos poderemos conseguir sentar a seu lado, por alguém se já encontrar a ocupar esse lugar.

Mas não importa... A viagem é assim mesmo: carregada de atropelos, sonhos e fantasias; de esperas e despedidas... Mas jamais de retornos.

Empreendamos então essa viagem, da melhor maneira possível, tentando relacionar-nos bem com os passageiros, e procurando em cada um deles o que de melhor tiverem, recordando-nos sempre que, em dado momento do seu trajecto, poderão ter fraquejado (ou vir a fraquejar), e provavelmente acabaremos por os entender, porque nós também, a certa altura, nos submetemos a essa triste realidade... E aparecerá com certeza alguém que nos entenderá.

O grande mistério afinal, continua a ser o de não sabermos em que estação teremos de descer... E muito menos os nossos companheiros, nem mesmo aquele que se encontra sentado ao nosso lado. Fico a pensar muitas vezes se, quando descer, sentirei saudades... acredito que sim, que ao separar-me dos amigos que fiz, sentirei no mínimo essa dor, de deixar tudo e todos seguirem viagem sozinhos, sem sequer poder continuar a dar o meu contributo para a viagem deles poder correr melhor.

Com certeza será muito triste. Mas agarro-me à esperança de que um dia os poderei reencontrar, numa outra quaquer estação, quando eles também abandonarem o comboio, trazendo com eles uma bagagem bem maior que aquela que traziam, quando os abandonei, ou mesmo quando começaram a sua viagem... E isso deixar-me-á muito feliz, lembrando o quanto colaborei para que todos tivessem crescido, e se tivessem tornado valiosos para todos.

Façamos então, meus amigos, com que a nossa estadia, neste comboio, seja tranquila, para que, na hora de termos de desenbarcar, o nosso lugar vazio possa trazer saudades e boas recordaçoes para todos os que nele prosseguirem a sua viagem...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Pq MST nem spr fala mal... (Bonus: "Inocencia"-L.Carrol)


"... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Miguel Sousa Tavares
(Escritor português, a propósito da perda de sua Mãe, a escritora e poetisa Sophia de Mello-Breyner)

Inocência:

"Era linda a menina loura, de olhos azuis. Candura e inocência não poderiam ter melhor lugar para morar. Bem comportada e prendada, sempre pronta a ajudar.

Estranho passatempo tinha a menina de faces rosadas. Horas e horas passadas no quintal, sentada e debruçada nas escadas cor de tijolo. Perdida nos seus pensamentos, pensavam os que a rodeavam.
Mas a menina loura de olhos azuis passava tardes a fio observando os carreiros de formigas que se formavam em redor da azarada abelha morta. Era assim, uma após a outra. Começando numa tarde a observar o fenómeno que se dera espontaneamente, já era ela que o provocava. Ía até a cascata e tentava por todos os meios afogar mais uma abelha. Tentava que ficasse semi-morta para que, uma vez trazida com uns pauzinhos para a escada, onde o exército das formigas se reunia, transportando o aparente cadáver, a abelha recuperasse e lutasse pela vida, ainda que invadida e quase condenada.
Os seus olhos azuis brilhavam um pouco mais em face da violenta batalha.
Outras tantas vezes, após o longo e tortuoso caminho percorrido pelas formigas transportando a sua presa, a menina pegava na abelha e colocava-a no ponto inicial. E as formigas voltavam atrás, para voltar a percorrer o caminho novamente.

Certo dia, deu por si a pensar quem estaria a observá-la e que tipo de formiga seria ela. Seria a abelha ou seria a formiga? Não sabia. No entanto, nada disto lhe trazia menor candura(...)"

(NR:Just feel it)

terça-feira, 29 de maio de 2007

O final duma longa caminhada... A sensação dum dever praticamente cumprido...

Sentado a uma mesa dum antigo café desta que tem sido, nos últimos anos, a minha Cidade, escrevo estas linhas no intervalo de mais uma jornada de estudo intensivo, preparando aquela que, espero, virá a ser a minha última série
de exames...


Relembro todos estes (infelizmente muitos) anos de vivência académica, as Amizades que cá fiz, as que vi passar, as que ainda hoje mantenho, as intermináveis horas passadas naquelas salas, as inúmeras noites de boémia, os incontáveis convívios, as eternas Queimas das Fitas (e Latadas)... Enfim... toda uma Vida, certamente a melhor época da minha vida...


Mas reza a tradição que tudo tem um fim... Um final, não trágico, mas de esperança... Esperança numa nova Vida, a passagem da condição de Estudante à de Cidadão activo... Um novo rol de responsabilidades, de vivências, de Amizades... Mas também as preocupações, os trabalhos, a procura dum novo estilo de Vida, dum futuro...


Certo é que, antes de atingir esse patamar, ainda terei de passar por um ano de estágio... Mas não será esse um ano de transição? O ano zero desta nova fase da minha vida de que antes falei? Pelo menos, é nesses moldes que o pretendo abordar...


Enquanto vou escrevendo, ao sabor da pena, este simples (mas significativo) texto, vou recordando também as amarguras, os sofrimentos, as quimeras e os momentos de transtorno... Não foram assim tão poucos; mas, felizmente, sempre fui conseguindo superar essas dificuldades, com mais ou menos trabalho, muito por força do apoio incondicional que me foi sendo prestado...


E, por isso, neste momento de consagração, agradeço a todos quantos me acompanharam neste longo percurso, todos os momentos que me proporcionaram:
- Aos meus Pais (e em particular,com saudade, a minha Mãe), ao meu Irmão e aos meus Familiares, a confiança depositada na concretização deste tão importante objectivo....
- Aos meus professores, por tudo aquilo que me ensinaram, e pela minha emancipação intelectual, por me ensinarem a pensar, a raciocinar, e a aprender a ensinar....
- Aos meus colegas, por partilharem comigo estas horas de trabalho, estudo e convívio...
- A todos os Músicos, Maestros e directores, e aos meus alunos de Educação Musical, que comigo se renderam a esta tão nobre arte da Música, pelos dias de convívio, trabalho, ensaios, e actuações, que me tornaram social, intelectual e artisticamente mais rico, e que me permitiram passar por momentos de grandes emoções...
- Finalmente aos meus Amigos, aqueles que estiveram comigo, nos grandes momentos e nas alturas de aflição, todo o apoio que me prestaram (e me vão prestando), pela sua presença, pela sua Amizade, por tudo aquilo que para mim representam...

A todos saberei retribuir tudo o que me souberam dar, com a eterna gratidão deste (espero) futuro professor...

A todos, um grande Bem Haja...

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

O sentimento não é algo que se deva compreender... Basta sentí-lo...

Escrevo estas linhas numa altura do ano em que, teoricamente, toda a gente deveria estar em paz e alegria, longe do stress do quotidiano e das dores de cabeça que nos apoquentam durante o resto do ano... Sim... Porque o Natal deveria simbolizar isso mesmo...

Mas também me lembro de quem tem passado os últimos dias fechado numa quarto, ou d quem não tenha propriamente sido bafejado pela sorte... E lembro-me que nem sempre podemos estar na melhor das disposições para festejear nesta altura do ano... Uma intervenção cirúrgica, um azar que nos bate à porta, uma despesa inesperada... Podem acontecer-nos a qualquer momento...

E nessas alturas, nós, os amigos, sentimos o dever de devolver a esses nossos Amigos, a confiança perdida... Porque é nosso dever moral, enquanto Amigos que somos, de partilhar alguma dessa dor, porque como nossos Amigos que são, a dor deles também em parte é nossa...

E porque esta é a Época das prendinhas e das lembranças, aproveitamos para lhes distribuir a maior de todas as prendas... Aquela q pode ser oferecida em qualquer altura do ano, sem nada pedir em troca, senão outra igual... A nossa presença, sinal da nossa confiança, do nosso apoio e da nossa solidariedade; a maior prova de Amizade q podemos demonstrar... Provando assim que não é só nos momentos de alegria que aparecemos para partilhar... Também nos momentos de aperto e aflição sabemos dar um pouco de nós por quem entendemos que o merece...

E quando nos recordamos dos gestos de carinho que já antes nos tinham sido presenteados, percebemos que o Natal não é só nesta altura do ano... É sim, todos os dias, a toda a hora e em todo o lado... Desde que saibamos q existimos uns para os outros, e que sabemos respeitar essa vontade...

Para as minhas Amizades que se viram forçadas a passar um Natal diferente, por força das mais variadas contingências, o meu abraço de Solidariedade, e a certeza de que podem contar com a minha presença, sempre q seja precisa, e com o meu apoio incondicional... BEM O MERECEM ;)

Umas Festas Felizes (na medida das possibilidades) e um Abraço do tamanho do Mundo...

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Dedicatória aos Recem-Casados...

Algures, quase sempre em ambiente de festa, talvez junto de um altar, ela e ele pronunciavam as palavras irreparaveis.Tinham pensado nelas e no que significavam.Tinham deixado que o tempo corresse um bom bocado depois da passagem daquele sopro magico que os atraira um para o outro. Tinham-se conhecido melhor. Tinham observado bem as reaccoes um do outro.
Tinham conversado muito. Tinham construido - a partir dos planos de ambos - um unico projecto.Sabiam que o sopro magico tinha apenas o papel de iniciar uma coisa nova; e que partiria depois de algum tempo.
Isso nao os assustava.Iam em frente, com esperanca, com alegria, contentes por a vida se complicar. Conversavam, discordavam, rectificavam, pediam perdao.Sucedia, normalmente, cedo ou tarde, o desencanto, a perda de sentido, a vontade de deixar tudo e procurar de novo, noutro lugar, um outro sopro magico.
Mas tinham empenhado a palavra. Tinham pronunciado as palavras que - dentro deles e a sua volta - nao tinham retorno.Ficavam. Iam ficando. as vezes com prolongada dor, as vezes com um heroismo de que nao se julgavam capazes.
O tempo, porem, trazia, devagar, a calma, a alegria serena, a luz que parecia ter desaparecido. Aprendiam que o amor tambem passa como que por uma conturbada fase de adolescencia, ate que vem a tornar-se maduro, se purifica, se fortalece e embeleza.
Depois ficavam tao contentes! Tudo tinha sido util, tudo tinha tido o seu papel. Tambem a dor; tambem os esforcos que pareciam inuteis; e as cedencias e os silencios e as humilhacoes.Viam com toda a clareza como por coisa perdida tinham ganhado mil; como por cada lagrima derramada tinham oceanos de sorrisos; como por cada generosa tentativa, aparentemente frustrada, haviam recolhido cestos e cestos de consolacao.Olhavam e viam a casa cheia de rebulico; trancas louras; corridas atras do gato; o indescritivel prazer de voltar a contar as velhas historias. "Avo, conta outra vez a da Cinderela"...; "Avo, e mesmo verdade que antes havia duas R.T.P.?"...Viam, como num sonho, o passado e o futuro unidos por um no que eram eles mesmos. Um no que nada tinha podido quebrar e permitira o futuro, novos seres, outros sonhos tao iguais aos que eles mesmos tinham sonhado.
Haviam suportado a tempestade e passado o Cabo; o Futuro estava ali a frente dos olhos; o caminho, aberto para tantos e tantos cujos rostos eles nem sequer imaginavam.Tinham tido um lugar no longo fio da vida; tinham sido alicerce e cimento; tinham as maos cheias de sol. Nunca morreriam....................
Pode parecer que estive aqui a descrever um quadro que me encantou num museu qualquer... mas nao. Sei muito bem que isto, so isto, e real e verdadeiro; que so isto e de hoje e de sempre. E que, no fundo, tambem eu, um dia, hei de ser como eles...

sábado, 9 de setembro de 2006

Citações de Grandes Nomes da Música...

Um músico é alguém que viveu e que pecou, que recorda sentimentos, fraquezas, cujo arrependimento e sensação de nostalgia e remorso transparecem na música que executa e, por isso, consegue arrebatar a assistência, cujos pontos fracos são também os seus.
Yehudi Menuhin (n. Nova Iorque 1916)
A música expulsa o ódio dos que vivem sem amor. Dá paz aos que não têm descanso e consola os que choram. Os que se perderam ecnontram novos caminhos, e os que tudo rejeitam reencontram confiança e esperança.
Pablo Casals (n. Vendrell 1876; m. Rio Piedras, Porto Rico 1973)
"Não consigo escrever poesia: não sou poeta. Não consigo dispor as palavras com tal arte que elas reflictam as sombras e a luz: não sou pintor... Mas consigo fazer tudo isso com a música..."

"Para mim, o órgão é o rei dos instrumentos".
Wolfgang Amadeus Mozart (n. Salzburg 1756; m. Viena 1791)

Melodia e harmonia devem ser apenas meios nas mãos do artista para criar música - e, se chegasse finalmente o dia em que se deixasse de opor a harmonia à melodia, a escola alemã à escola italiana, o passado ao presente da música, então seria possível dizer-se que tinha começado o reinado verdadeiro da arte.
Giuseppe Verdi (Le Roncole 1813; m. Milão 1901)

A minha ideia é que há música no ar, há música à nossa volta, o mundo está cheio de música e cada um tira para si simplesmente aquela de que precisa.
Edward Elgar (n. 1857; m. 1934)

Tudo está escrito numa partitura, excepto o essencial.
Gustav Mahler (n. Kalist 1860; m. Viena 1911)

Houve e há, apesar das desordens que a civilização traz, pequenos povos encantadores que aprendem música tão naturalmente como se aprende a respirar. O seu conservatório é o ritmo eterno do mar, o vento nas folhas e mil pequenos ruídos que escutaram com atenção, sem jamais terem lido despóticos tratados.
Claude Débussy (n. Saint Germain-en-Laye 1862; m. Paris 1918)

A música nasceu livre, o seu destino é libertar-se.
Ferruccio Benvenuto Busoni (n. Empoli 1866; m. Berlim 1924)

O mundo é uma sumptuosa sinfonia
de mil vozes diversas.
As verdades terrestres,
consonantes com as verdades dos céus
soam em acordes cerrados e vibrantes
sobre as cordas dos milagres destruídos.
Aleksandr Nikolaïevitch Scriabine (n. Moscovo 1872; m. Moscovo 1915)